quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Quem conta um conto aumenta um ponto!

“Você já ouviu dizer que quem conta um conto aumenta um ponto? Eu já ouvi e concordo que as histórias sempre sofrem modificações quando são contadas por diferentes pessoas. Concordo com a idéia, mas acho que não é apenas quem conta um conto que aumenta um ponto. Quem lê e quem ouve um conto também aumenta um ponto.
Você sabe por que penso assim?
Porque um conto não acaba no ponto final. No ponto final, acaba a leitura, mas não acaba a história. A história dura muito mais, às vezes a vida inteira. A história fica rodando na cabeça de quem lê ou a escuta, lembrando a gente de coisas que a gente já viveu, de pessoas que a gente conhece, de situações pelas quais a gente passou.
Por isso histórias são tão importantes.
Histórias são muito importantes na vida das pessoas e na vida dos povos.
Todos os povos têm histórias que contam as coisas que todos precisam saber: como começou o mundo, como surgiram os seres humanos, o que acontece depois da morte, como é que as pessoas devem tratar umas às outras... As histórias também acompanham nossa vida, desde pequenos. Você não se lembra das histórias que contavam quando você era bem pequenininho ou bem pequenininha, e que começavam sempre com era uma vez?
Agora (...) você começa a fazer parte da grande corrente de contadores de história: lendo ou contando as histórias para outras pessoas – seus pais, irmãos, amigos –, você vai fazer na pratica com que eles não terminem no ponto final. Ou seja, você vai ler ou ouvir um conto e aumentar um ponto!”
Marisa Lajolo

Por Marie

Certa vez eu comentei com Tacira que queria fazer um projeto no qual iríamos contar histórias e à medida que a história fosse acontecendo nós iríamos modificando um pouquinho aqui e ali, colocando uma musiquinha aqui e ali, ou seja, aumentando um, dois, três pontos.
Logo depois de eu ter dito isso comecei a ler o livro “historinhas pescadas” quando vejo essa pequena “carta aos leitores” escrita pela professora Marisa Lajolo, então eu percebi que realmente é o que acontece com todos nós e que era o que eu já estava fazendo com as histórias que contava. E isso que é o bacana o ouvir uma história e não deixa que ela morra ali, continuar mesmo que aumentemos alguns pontos que inventemos coisas que não existem, mas que poderiam existir, afinal o que nós sonhamos pode sim existir se quisermos.
Então, eu peço aos artistas que fazem o teatro brasileiro acontecer, que não deixem as histórias acabarem no ponto final, que aumentem quantos pontos for necessário (sem tirar a essência é claro), mas que todos os espectadores que ouvirem nossas histórias possa levar para casa uma mensagem de cada uma delas e possam também aumentar pontos contando essas histórias para outras pessoas.
E aproveitando o assunto quero comentar sobre a “Jornada Pedagógica de Rafael Jambeiro”, que a nossa Cia. teve o privilégio de poder participar contando histórias, levando os nomes dos poetas populares brasileiros para que todos os conheçam e saibam como são todos tão importantes para o nosso país, para todos nós, e é claro aumentando pontos, deixando que os espectadores participem da nossa história e tragam seus pontinhos para acrescentar, deixando acontecer uma troca de experiência e plantando em cada coração daquela platéia sonhos, alegria e a mensagem de que sonhar é necessário, mas o mais importante é acreditar e correr atrás para realizar os sonhos porque como diz a música “viver é melhor do que sonhar”.
Lá, contamos a história “Onde tem bruxa tem fada...” de Bartolomeu Campos Queirós, e através dessa história podemos mostrar para todos que ali estavam que ao contrário do que todos querem que a gente acredite, a esperança pode não ser uma coisa boa, porque “a esperança é uma coisa que só espera e nada faz” (trecho do conto).
E para finalizar eu só peço a vocês que vivam e não deixem as coisas passarem com medo do que pode acontecer, tentem, pois senão nunca vão saber se vai dar certo. Aumentem pontos e contem histórias, não deixem a alegria morrer. Isso eu peço aos artistas: atores, palhaços, músicos, escritores e poetas, trapezistas, malabaristas, artesãos... A todos os artistas que existem nessa terra com essa missão, com esse poder de se fazer ouvir por uma grande massa, com o poder de alegrar corações e lembrem-se “Alegria só aumenta e nem precisa depositar. Ela rende juros no coração.”
Aos espectadores de todas as formas de arte eu peço para que possam se despir de todo e qualquer preconceito e deixem a nossa arte entrar.
Não posso falar de “contação” de história e não agradecer a prefeitura municipal de Rafael Jambeiro e todo o pessoal da Secretaria de Cultura em especial Iracélia, que foi com quem tivemos um maior contato e nos recebeu muito bem na jornada pedagógica. Nosso muito obrigado a todos eles!
Acho que já falei um pouco demais, então, vou ficando por aqui, mas deixo uma citação da fada Maria do Céu que com toda a certeza faz parte da história da nossa Cia. e da de todas as pessoas a quem contamos suas histórias.


“(...) Menino aprende mais, menino tem olhos novos e coração descansado... E por isso não deixem de sonhar e de pedir... Peçam! Peçam viagens ao centro das sementes para ver a árvore antes de nascer. Peçam ruas cobertas de música para o caminho ser canção. Ou, quem sabe, livros com folhas brancas para os olhos inventarem as histórias! Peçam passarinho ensinado que dorme na palma da mão... Peçam luz de luar com gosto de suspiro para que se tenha sonho doce...”

Ufa... Cansei! Até a próxima!

Muitos Beijoossssssss!!!!!!!!!!!!!!!!

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