quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Arte é Ciência!

Por Tacira Coelho

Arte é ciência! Já dizia minha mestre Cleise Mendes e repetia minha colega Cleia Cardoso. Fiquei a pensar ...

Ontem recebi a notícia que meus amigos Marie, Núbia Laffaete, Roy Rogeres, Arlane Marinho e Bruno Hernandez passaram na primeira fase da UFBA. Todos para artes. Eles não imaginavam o quanto eu esperava ansiosa por este resultado. Há exatamente um ano atrás eu tinha recebido a mesma noticia. E não tinha a noção, da dimensão, que teria o curso Direção Teatral. Mas, em meus pensamentos havia um enorme desejo de buscar o que minha cidade não me proporcionava. Não que ela não me proporcionasse a arte, mas não havia teoria suficiente como suporte para o que eu sonhava enquanto artista.

E passei na segunda fase também. Deixei para trás todas as coisas que me sustentavam em Feira de Santana, não que elas deixassem de existir, elas permanecem até hoje em meu coração, mas eu precisava buscar algo além, até mesmo para que um dia eu voltasse lá para dividir o conhecimento aqui adquirido. Um novo olhar. Novos horizontes. O mundo é bem maior! Percebi que arte não é só a prática, pois a pratica depende de um estudo que vai além da matéria, do físico. É ciência.

Lutei a vida inteira "contra" os meus pais, em especial meu pai, por não encararem a arte como uma profissão e ainda hoje me deparo com artistas, que acreditam que o ensino superior em artes não significa nada. É inferior a cursos como Jornalismo, Direito, Medicina entre outros cursos considerados pela sociedade arcaico-capitalista, como cursos mais dignos ou mais rentáveis. Uma pena! Pura ignorância.

De que vale a prática sem a teoria? De que vale a teoria sem a prática? Penso eu: - A arte não estaria no mesmo patamar da sociologia ou da filosofia? São igualmente cursos ligados ao estudo teórico do pensamento social, político, etc. Teoria esta que cria bases sólidas para um desenvolvimento prático das sociedades em suas diversas necessidades.

Acredito que estas devam ser as mesmas bases construídas na prática teatral a qual se solidifica em pesquisas fundamentadas, ou seja, em teoria. Não que a graduação seja o único caminho. Porém, para alcançar êxito na prática, a teoria tem que anteceder qualquer projeto cênico, não importa quais os caminhos escolhidos para chegar até esta teoria. É preciso pertencer a arte, fazendo com que ela te pertença. Falar e fazê-la com propriedade.

É preciso manter uma relação muito intima com a nossa profissão – ARTISTA – os cinco sentidos bem aguçados, tendo total domínio não só das coisas sensíveis e das idéias, mas também, das possíveis “verdades” do mundo, das pessoas e das coisas, de maneira a exercê-las nos palcos, nas ruas, nas caixinhas ou nos diversos espaços e formas teatrais causando impactos com eficiência, convidando assim o publico, à reflexão e acima de tudo à educação da alma.

Desejo muita merda à vocês (amigos já citados acima) na segunda fase. Espero comemorá-la em breve. Minha casa está de portas abertas pra vocês!

Agradeço a Maristela Araújo, graduada em Licenciatura em Artes Cênicas na UFBA, por inspirar-me nesta caminhada. E aí no Rio, onde você está, mestrando, reserve um lugarzinho para mim.

À Marcus Moraes (in memorian), você também foi exemplo pra mim!

Aos artistas que ainda sentem vontade de investir numa formação acadêmica em artes sejam persistentes. Nunca é tarde!

Quero parabenizar aos idealizadores do RETRATE por levar à Feira de Santana novas perspectivas artísticas.

Dedico esta escrita à Lyon Guimarães, um amigo tão esperado, quanto os outros. Essa ainda não foi a sua vez, mas lembre-se: tudo tem seu tempo. Não se faz arte pela metade! Esta exige total dedicação e acima de tudo: amor.

Assim compreendi a frase que desencadeou este texto e o que tenho aprendido sobre esta ciência que é a arte.

Abraços!

Um comentário:

  1. Muito pertinente sua colocação. Mas cuidado para não racionalizar a sua arte. Arte é subversão, vanguarda, revolução!

    Contudo, uma coisa fato. Muitos falam em inovar na transmodernidade. Mas é necessário desconstruir para criar. E para desconstruir é preciso ter conhecimento teórico acerca do que está sendo desfeito.

    Diálogo entre a arte e a razão é tão necessário quanto espinhoso de se realizar. Mas não é impossível. E nesta empreitada somente os melhores permanecem!

    Sucesso nesta "aventura"!

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